domingo, 3 de outubro de 2010

Aparelho Ideológico da Família

A primeira instituição a qual o ser humano entra em contato é a família e a esta permanecerá ligado durante toda a sua vida. Dentro da família, recebemos a influência do capitalismo, pois somos formados de acordo com a necessidade do sistema.
Dentro da instituição familiar é estabelecida uma hierarquia de poder, onde cabe ao marido e pai, o máximo de autoridade,e da mulher espera-se submissão ao marido. Dentro de casa a mulher exerce relativo poder sobre os filhos. E, mesmo entre os filhos, é estabelecida uma relação de poder, onde o mais velho manda no mais novo, e o filho homem manda na filha mulher.
Dentro da família há duas praticas educacionais básicas: a condicionadora, que forma a pessoa para a dominação e a dialogal, que forma o ser humano para a liberdade. Todavia sabemos que todas as pessoas carregam dentro de si uma relação de dominação, e estas são formadas dentro de relações autoritárias, reproduzidas pelo sistema a que são inseridas. Sem nos darmos conta, respiramos, comemos, bebemos, digerimos, sonhamos relações de dominação, e automaticamente as transportamos para todos os ambientes e instancias, onde todos os adultos pensam que sabem mais do que os jovens, os professores mais que os alunos,e assim por diante. No entanto não há nenhuma prova cientifica que comprove que o saber de um é maior do que o saber de outro, e sim que os conhecimentos são apenas diferentes.
Quando nos apresentamos diante dos filhos, alunos ou do povo com a convicção de que sabemos mais, não é necessário dizer mais nada, a simples atitude é de dominação. Ela atravessa nossos poros, nossos gestos. Somente uma pessoa que vigia a si mesmo momento a momento que se pergunta pela rasão e o sentido de seus gestos e ações, pode desenvolver para si mesmo e para as pessoas com as quais se relaciona relações igualitárias, democráticas e dialogais.
Podemos citar também a influência que o sistema global exerce sobre as próprias relações que levam duas pessoas a se casarem. Não são levadas em consideração apenas os sentimentos, mas sim um conjunto de fatores entre estes está a condição financeira, religião, raça, cor e status onde quem toma a iniciativa e o macho.
Para nos ajudar a refletir sobre a influência que o sistema exerce inclusive na vivência familiar, um grupo de três professores casados (nos Estados Unidos) decidiram socializar em parte sua maneira de viver. Em uma só casa, colocaram em comum as coisas que pudessem, sendo que as famílias eram compostas de dois casais com dois filhos cada um, e o outro com apenas um filho. Tudo que era repetido, eles iam vendendo. As famílias dividiam os eletrodomésticos e ao invés de cinco carros, eles ficaram com apenas três, até mesmo os livros eram divididos. Com o tempo as famílias observaram que, os gastos foram reduzidos pela metade, os filhos mostravam mais satisfação e um desenvolvimento mais normal e sadio, enfim houve uma mudança para melhor na vida desses três casais.
Essa experiencia prova que a filosofia do sistema capitalista e a individualização das pessoas e das famílias, promovem competição e as qualidades individuais são privilegiadas e as relações associativas são colocadas em segundo plano. Para o sistema econômico, é muito mais interessante que se consuma a maior quantidade de produtos possível. Fica claro que cada família, mesmo que de duas ou mais pessoas torna-se um consumidor, e a mídia, por meio de uma propaganda maciça, cria a necessidade de se consumir determinados produtos que são dispensáveis. A família pode se tornar um agente transformador na medida em que conseguir estabelecer e criar novas relações igualitárias e dialogais entre seus membros, sendo essencial na estruturação da personalidade do individuo, possibilitando uma ruptura com as práticas normais do sistema.

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